Hoje não me aborreças. Não os quero ver pela frente com as
suas tíbias a tremer da menos frescura e do excesso de bebida. Não me venhas
com as tuas falinhas espertalhonas e os teus ares de menino crescido para cima
de mim. Não te aturo nem a ti nem aos teus clientes imbecis que não fazem mais
nada senão olharem-me de alto abaixo com a baba pelo joelho. Já que me tenho de
conter que ao menos lhes contenha a saliva para outras curvas mais exóticas. Mais
coloridas. Tudo menos eu. Não sou escravo desta gente que se detesta para cima
de mim. Faço mais do que a minha vida o depende. Eles que rebentem com as suas
longe do meu desespero.
Mas que merda. Merda pra mim.
Podia ter sido outra coisa. Outra metade. Nem era preciso
tanto. Bastava ser um pouco mais em vez de existir para este buraco. Olha ali
aquela senhora. Como ela por exemplo. Trabalha sim, e de que maneira, mas pelo
menos tem dias em que não pensa nisso. Sai e vai jantar fora. Olha de longe
para os seus a crescerem, a envelhecerem. Com alguma paz por vezes. Olha para
ela. Fala com este, rí-se com aquele outro a fazer parvoíces com um sorriso na
cara. Vai e vem. Vende o sal da vizinha. Recebe uma visita do marido. Dois
dedos de conversa. Olha lá para ela. Hoje ele trouxe.lhe um casaco. “hoje sais
comigo e nem quero desculpas. Tu e eu vamos ali beber umas espanholas.”
Vês, lá vai ela…
Sabes, ela tem dias em que não quer que a aborreçam. Como eu.
Ás vezes não os quer aturar…
Mas sabes….
É só ás vezes.
“But I don’t want to go among mad people," Alice remarked.
ResponderEliminar"Oh, you can’t help that," said the Cat: "we’re all mad here. I’m mad. You’re mad."
"How do you know I’m mad?" said Alice.
"You must be," said the Cat, or you wouldn’t have come here.”