O Senhor Flores está sentado na sua cama. O sono recusou-se, mais uma vez, a visitá-lo. A noite vai a meio. A meio do quê? Se o meio da noite mais parece um poço sem água faz séculos... Séculos de minutos. Séculos de paredes do quarto, cujas curvas, as sombras, as rachas já são mais do que família... Hoje invadiu-o a inquietação. Hoje o seu espírito resolve ruir. O estômago d'outrora já não cai na conversa da coragem. A garganta cerra os punhos. Os punhos gelam-lhe os pés. O frio cola-se. Uma lapa este frio. Flores não se mexe. Não ousa. Fecha-se por dentro. Treme e encolhe-se. Tenta pensar em minimizar os gestos. Os gastos. Não olhes para o relógio, pensa ele. Tudo passa, até o tempo, até a noite um dia... Desta vez tudo parece ir ao seu desencontro. Muitos algos que não fazem sentido. Até o ar não parece girar no sentido habitual. Todos os algos sussuram. Os sons desconfortam-no em sintonia.
Hoje vai-te abaixo meu cabrão.
Sem comentários:
Enviar um comentário