sexta-feira, março 30, 2007

Realidades Alternativas - Parte VII - Fiz-me á estrada

Fiz-me á estrada. Saí de casa um dia, fato de trabalho, pasta de trabalho, sentimento de trabalho, em direcção, pois claro, ao trabalho. Trabalho este que sempre me encheu de satisfação a todos os níveis. Respeito, bom salário, responsabilidade quanto baste, enfim. Até aqui nada a assinalar, nenhuma queixa, pelo contrário, quem dera a muitos... E pronto, lá ia eu, ex-vagueante de mochila, tenda e guitarra ás costas, sempre rodeado de amigos e noitadas sem fim, praia, campo, terras novas, outras culturas, outras opiniões e pontos de vista. Muitas noites ao relento, muitos duches improvisados, muitos hotéis e pensões também, comida conforme a bolsa, etc e tal... lá ia eu como se nunca tinha sido um dia mais feliz ainda. Lá ia eu todo sentimento, todo luz. Mas nem tudo o que luz é ouro e bastou olhar para fora para ver alguém a pedir boleia. Tal como o tinha feito tantas vezes, alguém estava a passar pelo que eu tinha tido tantas vezes passado, com tanta leveza no coração, sem rumo, sem pressa, sem nada. Foi mais forte do que eu. Muito mais forte do que eu. Veio-me uma angústia, uma nostalgia que se prendeu em mim sem dó nem piedade e que me fez irromper no espaço e no tempo. Tentei tentar segurá-la, mas sem o querer demasiado. Acabei por aceitá-la timidamente, depois prendê-la, e finalmente abraçá-la com todas as minhas forças. Pisei o acelerador e decidi não voltar mais. Arrependi-me e asustei-me inumeras vezes pelo caminho, tive medo de abdicar, pensei em voltar atrás enquanto ainda era tempo, mas acabei por não o fazer. Fui-me. Decidi com outro tipo de consciência seguir em frente. Não parei, não olhei mais para tráz e fiz o que devia sempre ter guardado dentro de mim. Fui mais além, fui feliz por mais alguns tempos...

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