terça-feira, agosto 29, 2006

Fogo Lento

É como se a minha vida estivesse prestes a florescer de novo. Sinto uma alegria tal que já doi a partida. Falta tanto tempo, mas a vida é mesmo assim. A minha é mais penosa do que muitas outras. Acredito que somente amo aquilo que não posso ter. Recuso absolutamente o amor que faz companhia. Necessito do seu ser como de sede se tratasse. Bebo as suas palavras, estagno perante o seu sorriso. É tão cruel mas representa tudo aquilo a que alguns chamaram um dia de cegueira. Só amo o obstáculo. Se pudesse dava-lhe tudo. o impossível era para mim algo de tão fácil que haveria de me imaginar como um herói, ou até mesmo um deus.
Faria tudo por ela. tudo.Tentaria não ser pesado, dava-lhe todo o seu espaço, mas faria tudo aquilo que ela desejasse. Hoje tenho uma estupida esperança que me venha visitar, contra todas as tendências. mas é só uma probabilidade ínfima, ela cometer tal acto. Acho que se isso me fosse acontecer, então desmaiava de prazer. Ou então corava e sorria, e mais ninguém me conseguiria tirar o sorriso da cara. Tenho de pensar que ela vai-se embora, tenho de me mentalizar para isso senão tou tramado. Vai doer de novo. Desta vez não sei se a minha alma vai aguentar outro desamor igual.
Nos entretantos vou gerindo este misto de angustia e de absoluta felicidade da melhor forma possível. A tristeza no nirvana. Tem piada. há algum tempo aconselhei uma pessoa a viver cada sensação como se fosse a última, fosse ela boa ou má. Pedi-lhe para recebê-la e digerí-la até ao último suspiro. Curtir a tristeza é algo de delicioso dizia eu. A verdade é que não é. É horrível sentir uma pequena morte dentro de nós. Uma morte que nem sequer aconteceu. É a penultima amêndoa que é tão amarga que faz esquecer todas as anteriores, e mesmo que a última seja a mais deliciosa, está sempre o sabor da sua irmã agressiva. Como uma má impressão leva tanto tempo a sair da alma das pessoas, por mais que se tente, mais tarde, compensar com tudo aquilo que se tem de bom. É uma picada no nosso íntimo que provoca uma ferida dilacerante. Atinge o nosso orgulho, ata nos a uma árvore e deixa-nos espernear de frustração. No entanto é tão belo que a própria dor se transforma numa cor garrida e nos dá ânimo para tentarmos outra vez até doer de novo, e de novo, e de novo. Só mais uma vez por favor...

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