quarta-feira, março 06, 2013
...mesmo que no fim.
Entrou-me pela calada. Sem avisar. Quando cheguei já estava á minha espera, junto do estacionamento, ao longo de uma fila de carros imóveis, frios mudos. A noite avançava sem indícios de uma mudança no tempo. Pelo menos para mim. No meu íntimo sentia-me de rastos, o meu estado em modo self destruct como se costuma dizer. Do nada fez-se click, dois beijos e os nomes trocados. Um ar disciplinado e sério, contra o ar da derrota e da busca por um porto. Um qualquer. Foi assim que me sinto ao completar aquele dia. A minha bóia de salvação tinha chegado sem mo dizer. Passados anos iria compreender que o mundo afinal ainda se manteria em pé por muito tempo. Passados séculos iria entender que toda a vida depende de um momento. Que poderiam passar milénios sem admitir a minha derrota, nem o meu amor, nem o passar do coração para o outro lado da barreira, a da ilusão de felicidade, a do deserto tropical. Entrou pela calada e calada ficaste enquanto não fui senão abordando assuntos que me pudessem ligar a ti. Ficaste á espera mas não te fiz tardar. Acordei deste vácuo quando te vi pegar na tua lira. O teu momento passou a ser meu e repreendi-me por ter deixado este segundo passar tão depressa. Então fui capaz de pegar no touro e beijá-lo na boca. Enfrentei-o com as palmas das mãos e então consegui esboçar um sorriso. Este sorriso deste-mo tu. No meu deserto recebo este oásis. Aceito-o como meu. Como se fosse perfeito este dia, mesmo que no fim.