domingo, maio 20, 2007

A bruxa de Oz



Ando deliciado com um livro que me ofereceram. Chama-se A Bruxa de Oz e o seu autor é o Gregory Maguire. Imaginem que este senhor resolveu contar a história da bruxa que Dorothy teve de matar para voltar ao Kansas em O Feiticeiro de Oz. A bruxa sempre teve razões para ser infeliz, o “mal” veio depois. Mas que mal é este que resulta da opressão sucessiva sobre tudo aquilo que é diferente? Não será antes um mal que resulta apenas de uma opinião generalizada, um acordo entre as pessoas, uma convenção que exige que se aponte o dedo a alguém, que se opte por culpar antes de reflectir, para criar uma noção de segurança, uma sensação de vingança que nos torna egoistamente mais felizes? E que se lixe quem está do outro lado da balança, na ponta do dedo...

A Bruxa de Oz conta a história de Elphaba, uma menina de pele verde, insegura, rejeitada tanto pela mãe como pelo pai, um pastor reaccionário. Na escola ela também é desprezada pela sua colega de quarto Galinda, a fada boa do Norte, que só quer saber de coisas fúteis: dinheiro, roupa, jóias. Neste contexto ela descobre que vive num regime opressor, corrupto e responsável pela ruína económica do povo. Elphaba decide, então, lutar contra este poder totalitário, tornando-se a Bruxa Má do Oeste, uma criatura inteligente, susceptível e incompreendida que desafia todas as noções pré-concebidas sobre a natureza do bem e do mal.

Para mim o prazer é duplo, primeiro porque sempre gostei muito da história do feiticeiro de Oz, e segundo porque sou fanático por obras de ficção e fantasia. Já o tenho dito anteriormente, para coisas da vida real, basta-me abrir a minha janela, ligar o rádio ou então olhar em meu torno, dia após dia. Nunca perco uma oportunidade de me sentir noutro mundo, noutra realidade, cheia de cor e movimento, estranhas danças e outros ambientes místicos. Salto literalmente para outra dimensão sempre que me aparece algo do género. O fantástico da leitura é o facto de ser capaz de literalmente “desaparecer” esteja onde estiver, em que lugar for. Pode ser na fila das finanças (onde um livro dá muito, mas muito jeito), na sala de espera de um consultório (aqui temos a vantagem de estarmos, pelo menos, sentados), ou no comboio (isto devo admitir que é mesmo propositado, já feito viagens de uma ponta à outra do Algarve, só para ter o prazer de sentir o pulsar da máquina enquanto leio). O engraçado é que também tenho leitor de mp3 e rádio e consola portátil e mais não sei o quê, mas nenhum deles me dá o prazer que me dá uma boa obra, se for de ficção ou fantasia melhor ainda.
Um aspecto que gosto particularmente é o facto de o herói, é ser neste caso, anti-herói. Gosto muito quando as personagens são os chamados “maus da fita”. Com todo o respeito, Homem Aranha, és fixe e até tens uns poderes interessantes, mas se tivesses do lado dos filhos da mãe era muito mais divertido.

Em relação a este livro era giro que fizessem um filme. Penso sempre nisto quando gosto das obras. Quando saiu a saga do Senhor do Anéis em filme não me pude conter de felicidade. Gostei muito da forma como fizeram O Perfume. Outros não saíram tão bem mas no geral é sempre interessante ver qual a forma utilizada e com que detalhe os realizadores se tentam colar ao original. Gostaria de ver os Cem Anos de Solidão do Gabriel Garcia Marquez em filme. Isso sim era um desafio. Um Salman Rushdie. E já agora a O Memorial do Convento do Saramago. Gostava de ver o canhoto Sete Sois no ecrã…