terça-feira, agosto 29, 2006

Perfeição (ou o poder da escrita)

O olhar estende-se até um infinito de céu claro e desimpedido. O mundo à minha volta está calmo e sereno. Num fechar de olhos estou de novo em casa. Voltei apenas pela força do meu desejo. Regressei para partir de novo, desta vez em direcção ao oriente. Todos os locais estão repletos de cor e de brilho. As pessoas à minha volta estão felizes, fazendo tudo aquilo que sempre desejaram. Nas praças os mercadores mostram-me com satisfação os seus produtos, ora sumarentos, mais doces que nunca, ora coloridos, sem imperfeições, tudo isto resultado da qualidade sem defeito, reflectida nos seus sorrisos, e pagos, não pelo dinheiro, mas pelos risos ou pela simples troca por algo de igual prazer. As ruas respiram frescura, os jardins ordem, os estádios, estabelecimentos de serviços, tudo inspira confiança, segurança e simplicidade de execução. Palmas e cumprimentos. Alegria, Paz e sossego. Gentes de beleza, pessoas de saúde, ares felizes ultrapassam-se por mais longe que voe, mais alto que suba. Corro e salto, observo a minha própria força, reconheço-a como um privilégio comum a todos. Enalteço os meus sentimentos e agradeço-me por ser feliz. Não chove em Londres...

Não há como isto. A realidade não tem a mínima força contra o poder das minhas palavras. É impossível ser como sou, quando escrevo, quando me completo e me descubro nas linhas de mim. Se céu e inferno existem, estão desta forma ligados pela escrita versus a realidade. Aqui tudo brilha, tudo é luz, tudo é fado. Já do outro lado, a intempérie mantêm-se constante, inconstante, ameaçadora. Não pensemos nisto agora, pensemos antes no acto de ser aquilo que se quer ser. Quem não gosta que viva da realidade…

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