quinta-feira, junho 14, 2007

Realidades Alternativas - Parte IX - 20 minutos menos 9


Tenho vinte minutos para escrever qualquer coisa hoje. Ainda não o tinha feito e o meu cérebro estava a pedir descompressão total. Gosto mesmo disto. 5…4…3…2…1 e lá vou eu! Ponho os dedos no teclado e deixo-os dançar, bailar, saltitar á vontade. Saem-me imagens da alma que se transformam no ecrã do computador num pássaro verde e roxo que grita para mandar calar o público antes de iniciar a sua anedota, ou num banco de jardim que chora lágrimas de crocodilo. Isto assim é bem mais fácil quando não faz sentido algum. Tal qual um cozinheiro em busca de algo novo posso ir buscar uma pitada de sal e acrescento uma cor nova às minhas letras. Pode ser carmesim. hoje vamos escrever em carmesim. Se me faltar a inspiração posso ligar o rádio, ou então escolher uma música mais sentida, mais tradicional, mais integrada no meu ser. Ma fazer isso seria perder minutos e quero ter isto acabado daqui a… 17 minutinhos… Tive de fazer uma pausa porque fui requisitado, também qual a probabilidade de não sermos requisitados, em pleno trabalho, em 20 minutos? O que vale é que parei o relógio, de modo que posso recomeçar a partir daqui. A escrita é isto mesmo, inconstância, dúvida e interrupções. Enfim… continuemos. Ora hoje tenho de dizer que nem tudo corre mal. Já tive dias piores, no entanto este não é um deles. Tudo me te corrido pelo melhor, mas também mereço não é… Onde é que ia? Sim, portanto ia escrevendo até que me mandassem embora daqui. Dizia eu que o meu banco de jardim chorava lágrimas de crocodilo enquanto o pássaro se preparava para contar uma anedota, não sem antes, irritadíssimo, mandar calar todas as pessoas em seu redor. A menina dos olhos de batata doce, a panela voadora com termóstato de verniz, a toalha de praia com buraquinhos para espreitar, ora os grãos de areia se estiver virada para baixo, ora o sol e as nuvens caso se encontre, literalmente, de papo para o ar. O leite-creme assustado, correndo para sua casa antes que passasse ali o João Comichão, que era doce por bolos e resmas de papel, não fosse ele andar ali por perto. Hmmmmmmm… talvez o meu cérebro precise de descomprimir mais do que eu pensava. Não me envia coisa com coisa nem sentido nem retro marcha, nada de jeito de facto. Mas que sabe bem isso sabe. É um prazer podermos fazer o que queremos, sobretudo quando não temos de querer nada daquilo que fazemos. Os olhos colam-se ao céu, a imaginação atrapalha-se com garra, sempre feliz, sempre mordaz. – nota – não tomo nenhum tipo de produto químico, não tomo bebidas alcoólicas a não ser quando vou a qualquer lado numa de diversão e descontracção, não fumo e nem sequer bebo café. Isto não é o resultado de nenhuma alteração hormonal (que eu saiba a crise dos 30 não existe), nem algo de forçado (não estou a sofrer nenhum tipo de pressão, coerção de que género for). Só o tempo hoje é o meu limite….
Toda a gente deveria ter tempo para fazer somente aquilo que o cérebro manda, á velocidade que quiser. Dar a volta ao mundo em 5 segundos, parar nas Bahamas e beber um suminho, e voltar ao trabalho. Devia haver uma máquina que permitisse entrar e numa hora passarmos uma semana de vida. Ao sair da máquina tinham passados escassos minutos para os outros, já nós estávamos cheios de saudades deles, de braços abertos e olhos rasos… Acho que desta vez é que me passei mesmo.

Tempo - 12 minutos (sobraram-me 9, acho que vou apanhar ar)

1 comentário:

  1. bruno tu estás cada vez melhor ou será pior? anyway .
    still very good
    achei importante teres esclarecido que não tomas substâncias ilicitas nem sequer café (gosto sempre de quem não toma café), até porque eu não acredito que quem as toma consiga ver o leite-creme assustado e escever a carmesim como tu
    10 pontos para o país de gales
    bjs da lagoa

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