sexta-feira, novembro 30, 2007

I smell FIASCO...

Tudo isto porque esta semana telefonou-me um amigo meu a dizer que gostaria de me apresentar algo que, segundo ele, não pode ser explicado pelo telefone...
Dava para nos encontrarmos para um cafezinho?
(se soubessem como a palavra "cafezinho" me irrita profundamente)

Dás-me 10 €uros e eu devolvo-te 1 Milhão!!! Garantido!!

Na continuação do post anterior...
Caso tenha sido atraído num esquema destes então tenha muito cuidado. São muitos os formatos utilizados para extorquir dinheiro, mesmo se possuem todos a mesma técnica, sendo o mais conhecido deles, o da famosa pirâmide. Para entrar, uma pessoa começa por pagar uma determinada quantia de dinheiro, ao qual chamam de “investimento”, já que lhe é explicado que irá recuperá-lo na fase seguinte da operação, que consiste em recrutar mais pessoas e vender certos produtos. Logicamente os membros mais recentes da pirâmide ocupam a sua base e os mais antigos o seu topo.
Este esquema não é sustentável porque o lucro da empresa não vem da venda dos produtos em si - isso é apenas uma fachada, mas sim do “investimento” inicial que cada novo elemento faz.

Dito isto, passo a explicar porque razão cerca de 88% das pessoas nunca irá receber nada, no momento em que a pirâmide atingir o colapso.

Vamos supor um esquema muito simples, que lhe garante que, por apenas 10 € de investimento, quando chegar ao primeiro nível da lista seguinte, terá recebido pelo menos 1.000.000 de Euros - nada mau para 10 minutos de trabalho :

1 - Joaquim
2 – Madalena
3 – Paula
4 – Maria
5 – Luís
6 __________

Aqui pede-se que a 6ª pessoa envie 10 € ao Joaquim. A seguir terá de apagar o nome do Joaquim da lista e inserir o seu próprio nome, passando a estar na 5ª posição, deixando a 6ª livre para o próximo participante:

1 – Madalena
2 – Paula
3 – Maria
4 – Luís
5- Bruno(é isso mesmo, sou eu)
6_ ________

Finalmente terá de enviar esta nova lista a 10 pessoas que irão repetir todo o processo.

Se fizermos as contas, o Joaquim exactamente 1.111.100 €uros. Por ser o primeiro da lista, recebeu 100€ do nível 2, 1000€ do nível 3, 10.000 € do nível 4, 100.000 € do nível 5, e 1.000.000 do nível 6. Parece fácil? É fácil para o Joaquim. Mas não para o restante. E vou explicar porquê:

Vou fazer a lista do nº pessoas que contribuíram para o dinheiro do Joaquim:
Joaquim - 0
2 - Madalena - neste momento 10 pessoas estão envolvidas
3 – Paula – neste momento 100 pessoas já estão envolvidas
4 – Maria – neste momento 1.000 pessoas já estão envolvidas
5 – Luís - neste momento 10.000 pessoas já estão envolvidas
6 – Bruno – 100.000 - neste momento 100.000 pessoas já se envolveram neste esquema.

Podemos então dizer que o Joaquim recebeu 1.111.100 €uros oriundos de 100.000 pessoas.

O problema é que cada vez que juntarmos uma pessoa à lista, temos de multiplicar o nº de pessoas por 10. O que quer dizer que quando a Madalena chegar ao nº1, 100.000 pessoas já terão participado. Quando chegar á vez da Paula que se encontrava no segundo lugar da lista, terão participado já 1 Milhão de pessoas ( o dobro da população do Algarve e do Porto juntas).
Quando chegar á vez da Maria, 10 Milhões de pessoas, ou seja Portugal inteiro terá de ter participado no esquema!
O Luís precisará de 100 Milhões de pessoas (ou seja Portugal, a Espanha e a França juntos).
E eu, o vosso Bruninho, terei de esperar que 1.000 Milhões de pessoas enviem 10 euros cada um.
O desgraçado que vier a seguir terá de esperar que a população mundial chegue aos Dez Mil Milhões (10 Billiões, isto não é nada!).

Como podem ver isto é um esquema bastante simples, sem nada para vender, a não ser uma pequena contribuição de 10 €. Espero com isto não vos ter dado ideias, mas a verdade é que a teoria é tão simples quanto isto.

Quando se trata de convencer pessoas a ingressar num esquema piramidal, está provado que 88% de quem ingressa num esquema destes nunca vai receber nada.
Se é números que querem, pensem neles em toda a sua extensão, nos custos, e nas receitas reais. Informem-se muito bem acerca deles, já existe muita informação na Internet que previne contra fraudes e sonhos que nada têm a ver com a realidade.

Agora divirtam-se a gozar com quem pensou no Mercedes novo á custa de produtos de higiene oral,curas para o emagrecimento e chamadas internacionais gratuitas…

Pirâmides só no Egipto


Se por acaso ouvirem estas frases, meus amigos, fujam, fujam a sete pés.

- “Nós conseguimos melhorar a sua vida! Se fizer isto vais ganhar aquilo. Basta investir agora e esperar pelos resultados. É garantido!”

Sempre a mesma história, sempre ideias novas e conceitos rebuscados num mundo em que tudo já foi inventado – números que provam a eficácia e o sucesso dos produtos. Aprendi a nunca confiar em alguém que me apresenta valores como prova de que o produto é mesmo bom, o emprego garante um retorno financeiro avultado, o esquema piramidal não dá hipóteses e não tem nada a ver com todos os outros. Acreditem, ao contrário, os esquemas piramidais em particular têm tudo a ver uns com os outros, e funcionam de igual modo, ou seja, é bom para os pouquíssimos do topo da tabela, garantindo-vos sem qualquer ponta de dúvida, que mais ninguém vai ganhar coisíssima nenhuma, a não ser uma ou outra pasta de dentes, ou então um batido para emagrecer grátis. Gostaria de fazer aqui um apelo a todos as pessoas que se deixam levar na cantiga do “fale com mais seis pessoas e vai ver que não precisa de fazer mais nada”.

Pessoalmente já por duas vezes tentaram enfiar-me o barrete. Uma das vezes, sem vergonha nenhuma o digo, estava eu com a minha mãe, e lá fomos para casa de um familiar que nos introduziu ao fantástico universo dos produtos da Amway. Lá estava uma plateia de pessoas vindas das várias camadas sociais da minha terrinha ao Sul, incluindo ilustres bancários, vereadores e médicos. É preciso dizer que, primeiro, ninguém sabia para o que ia, e segundo, a esse meu primo, o que não lhe faltavam eram conhecidos… Devia ter cerca de 16 anos e aquilo pareceu-me uma coisa maravilhosa, já me vendo com dinheiro até aos olhos, qual Donald Trump, as minhas pastilhas para a sanita eram muito, mas muito melhores, que todo o teu reino imobiliário. Saí de lá com cifrões nos ouvidos e um sorriso doentio na face. Valeu-me a minha mãe que me pôs os pés na terra com um valente e tipicamente algarvio “estaladaço”, que aquilo era tudo tanga, e que nunca dava em nada, e que o cif que ela usava para limpar a casa de banho era muito melhor que aquela porcaria de gel fluorescente que me estavam a tentar vender.

Numa outra ocasião fui contactado por uma pessoa vinda directamente da Dinamarca (What?!) para me fazer uma proposta de bradar aos céus. Como já tinham passados dez anos desde a minha experiência anterior, e sempre sem saber para o que ia (técnica muito utilizada quando não se quer desvendar logo a vigarice), achei que não precisaria da minha mãe. Fiz muito mal. Fiz muito mal porque este sim, era o esquema maravilha, aquilo que eu não sabia mas que tinha esperado este tempo todo. Não me consigo recordar da marca, mas tratava-se de um tipo de telecomunicações com chamadas mais baratas e até gratuitas entre utilizadores. Após me darem cabo da minha frágil cabecinha durante cerca de 2 horas, acabei por dizer que sim, que aceitava, então ficamos á sua espera para uma reunião na próxima semana com a equipe que irá integrar, bla bla bla, e vais ficar rico, e não te esqueças de trazer o chequezinho inicial de 400 Euros, que te vão ser devolvidos assim que a coisa pegar, o que não deve tardar muito, mais dia menos dia… Num pequeno folgo de inteligência, o único que devo ter tido, lá liguei á minha mãe que, por falta de força para me cascar (afina já passaram mais anos e eu cresci), começou a rir-se e a gozar, o que muitas vezes dói mais do que um bom soco nas trombas… Graças a ela nunca cheguei a ir a reunião nenhuma nem a dar o tal chequezinho…
Com o passar dos anos acabei por me informar bastante acerca desses esquemas. Sempre que alguém me vem explicar como vai ficar rico, mesmo que não me queira envolver no assunto, possuo as armas necessárias para, com muita pena minha, desvanecer todos os seus sonhos de menino mimado, terminando o meu discurso com a célebre frase: “vai mas é trabalhar”.

Para não me alongar muito mais, prometo que num próximo post vou demonstrar porque razão os esquemas piramidais, por mais que nos digam que “este é que é”, “não tem nada a ver com o outro”, garanto-vos que são mesmo todos iguais e não levam a lado nenhum.

P.S. Não me digam que não vos avisei.

P.S. Beijinhos à minha mãe.

quinta-feira, novembro 29, 2007

Mundei-me. E tu?


- Mundei-me por aí. É isso mesmo. Dei a volta ao mundo com a tua ajuda. E agora que sou feita de experiência, nada mais me resta que abandonar-te. Tive de ti o que queria.
O rosto convencido de que iria causar algum efeito devastador, entrou limpo e desabou o seu amar numas poucas frases que supostamente seriam a prova das suas convicções menos correctas. O efeito não surgiu, no entanto, tão dramático como o desejava. No rosto do companheiro com quem tinha passado todos aqueles anos, nada mais do que um simples esgar insolente e simplicista, como quem já ouviu este discurso mais do que uma vez, e que nada de muito diferente esperava. E mais ainda; ao rosto insolente e simplicista, notava-se uma certa leveza que dava a entender que um peso enorme tinha saído dos ombros de quem o carregava…


O melhor da vida, sempre gostei de o frisar muitas vezes, são as relações. Todas elas. As relações que temos com a nossa família, os entes queridos e os mais afastados, as relações com as pessoas que amamos, os amigos, todos aqueles que nos tornam a vida fácil e agradável. Mas mais do que isso, o que torna as relações ainda mais fantásticas, é o detalhe específico que faz com que algumas delas não corram tão bem. As que custam a digerir, as guerras interiores, os problemas, as pessoas que não se deixam compreender, aquelas que nos fazem sofrer, aquelas que nos atraem sem sermos atraídos em retorno, as duras, as peganhosas, aquelas que ardem na alma, essas são deveras especiais. Se a isso juntarmos com carinho as relações que consideramos menos importantes, com os vizinhos, os funcionários dos correios, os professores dos nosso amigos dos quais só ouvimos falar, dos colegas de trabalho das empresas concorrentes, daqueles que ficam na fila atrás de nós e que só conseguimos ver nas poucas vezes que olhámos para trás só para ver o quanto a referida fila tinha se alongou enquanto tivemos á espera, se pensarmos em todas as vezes que, de uma maneira ou doutra, nos cruzámos, trocámos umas quantas palavras, um olhar compreensivo, um esgar repreensivo, se passarmos uns míseros segundos a pensar que do outro lado do espelho alguém está em nós da mesma forma que o esqueceremos ao fim de uns poucos segundos, se fizermos isto tudo, então podemos realmente dizer que provámos a verdadeira liberdade. O poder de sermos, por um respirar apenas, parte de outra carapaça, outro castelo de vidro no qual poderíamos espreitar, faz nos sentir o quanto somos afortunados e felizes. Há quem lhe chame cusquice, há quem queira saber como termina aquele momento que tanta importância teria para alguém. Se juntarmos as pessoas que optam pela cusquice de saber o que sentiu na realidade o parceiro pouco infeliz, ás pessoas que viriam terminar a surpresa da jovem interesseira, se juntássemos todas essas pessoas e as puséssemos a comunicar, então garanto-vos que o final desta cena seria o menos importante …

- Adeus
- Adeus

Voltei à minha televisão privativa, a minha janela virada para a Estrada


Das coisas mais aborrecidas neste mundo é ter de fazer pausas nas coisas que mais gostamos. Este blog é uma delas. Voltas e voltas dá a vida, sobrando sempre para os nossos momentos egoístas e veramente impulsivo-necessários. Aqueles que precisamos como do ar que respiramos, mas também aqueles que acabamos sempre por sacrificar.
Tudo bem. Agora que voltei à minha janela privativa, aquela que me deixa momentos de paz e sossego, posso retirar este prazer da minha lista de coisas-que-adoro-fazer-mas-não-consigo. Por isso aqui estou, mais uma vez, a segunda se não me engano, em, que decido alimentar o meu ego e o “Alternatividades”, ou, melhor dizendo, ambos e o mesmo,voltar a escrever de forma mais assídua, disciplinada, e muito mais frequente, qual terapia do amor…

A minha janela para a estrada está de volta. Regressei ao meu local de trabalho preferido, por entre a paz e o barulho, o silêncio e o brilho, a escuridão da alma versus os números e os cálculos. Harmonia diriam alguns, caótico para outros, mas sempre, vivo, único e esclarecedor daquilo que realmente vai na alma das pessoas. Ontem fui tradutor de sonhos e ideias loucas, hoje continuo a transpor de uma língua para a outra, mas desta vez são dívidas, soluções e presentes envenenados… Cada caso é um caso quando devemos algo que não é nosso. São inúmeras as razões que levam as pessoas a tomarem decisões que só fazem sentido para elas próprias. Quantas vezes já deve ter tentado chamar á razão um adolescente apaixonado, sem sucesso. Quantas vezes tentaram convencer alguém a não fazer algo, resultando numa guerra, aquilo que inicialmente era um conselho de amigos?
Quando alguém se recusa a ver aquilo que faz todo o sentido para o resto do mundo, é bem provável que algo irá correr mal a médio/longo prazo.

Quando a bomba acaba por explodir, muitos casos acabam por vir parar à minha secretária. Ontem estive no imobiliário, hoje sou consultor de crédito. É o que dá ser tradutor para uma entidade com várias firmas e formas. Vemos de tudo, sabemos tudo, fazendo a ponte muda e surda, após as revoltas, os segredos e os escândalos. E já agora, nada como ser versátil. O rei dos animais, no cenário dos homens, é o ser camaleão. Quem possuir as características de tal animal dentro da sua alma, consegue ler os silêncios como ninguém, as mudanças de estado, o prazer.

É melhor assim…